Desde que comecei a estudar a fotografia, um dos exercícios do qual gosto muito é o de olhar para as imagens que escolho e analisar o que elas estão me dizendo.
O que escolho e o que não escolho, o que gosto e o que não gosto, tem sempre muito a me dizer.
Hoje escolhi falar sobre uma fotografia que fiz em 2013 e que conversa muito comigo (quem acompanha de pertinho, sabe que ela ficava exposta bem grande lá no meu escritório). Não sei explicar se foi porque a foto estava exposta, ou se foi porque as pessoas se identificavam com aquele instante, por muitas vezes, várias noivas me pediram pra repetir essa fotografia no casamento delas. Esta não foi a foto preferida desta noiva, me lembro de ela contar que a fotografia que mais gostou, entre todas do casamento, foi uma em que o noivo estava olhando pra cima.
E nem foi nesse momento que me perguntei, se esta não é a foto preferida da noiva, porque será que é a minha escolha? Na ocasião não pensei sobre isso, só sabia que gostava muito daquela imagem. Foi algum tempo depois, olhando para o quadro dela na parede, enquanto selecionava fotos de um outro casamento, que me dei conta... que os momentos fraternos entre pai e filha eram sempre capturados por mim com muito cuidado. Como se aquele instante pudesse se quebrar a qualquer momento, como se eu fosse perde-lo. Um cuidado desses que temos quando algo é raro, sabe?
Não tenho muitas fotografias com o meu pai. Lembranças tenho ainda menos que fotos. Tenho guardadas algumas histórias que ouvia e que as vezes me pego tentando encaixar nas fotografias. Hoje resgatando e escrevendo sobre essa história, me veio a lembrança de um comentário que ouvi quando ele morreu em 2014. Alguém de quem não me recordo e que acredito eu não conhecia, disse "ele era uma ótima pessoa, só não sabia ser pai".
"Mostre suas fotos a alguém: essa pessoa logo mostrará as dela" Roland Barthes
E você,
De quais fotografias gosta? O que elas estão querendo te contar?
e o que elas não dizem?
-